Profissões “ocultas” que estão surgindo com a IA (e ninguém está falando sobre)
- Lucas Mendes
- 8 de jun.
- 5 min de leitura

A inteligência artificial (IA) está transformando o mercado de trabalho em um ritmo acelerado. Enquanto os holofotes estão voltados para cargos como engenheiros de machine learning, especialistas em IA generativa e cientistas de dados, uma revolução silenciosa está criando novas profissões que passam despercebidas por muita gente. São funções "ocultas", essenciais para o funcionamento e a evolução da IA, mas que raramente aparecem nas manchetes.
Neste artigo do TecFacil, vamos mergulhar nas profissões ocultas que estão surgindo com a IA que estão fora do radar da maioria das pessoas (e por que elas merecem sua atenção se você quer se preparar para o futuro do trabalho).
1. Treinadores de IA (AI Trainers)
O que fazem?
Treinadores de IA são responsáveis por ensinar modelos de linguagem, como o ChatGPT, a responder corretamente às perguntas dos usuários. Eles criam exemplos, ajustam respostas, corrigem alucinações e testam limites éticos.
Habilidades necessárias:
Excelente domínio da linguagem
Conhecimentos em áreas específicas (como direito, saúde ou tecnologia)
Capacidade de redigir textos claros e contextualizados
Por que é uma profissão "oculta"?
Apesar de seu papel crucial, os treinadores geralmente trabalham nos bastidores, e muitas vezes como freelancers ou sob contratos temporários.
2. Curadores de dados sintéticos
O que fazem?
Com a dificuldade de encontrar dados reais de qualidade e respeitar leis como a LGPD e o GDPR, cresce o uso de dados sintéticos — informações geradas artificialmente. Esses profissionais supervisionam e validam esses dados para garantir que sejam úteis, realistas e seguros.
Habilidades necessárias:
Estatística
Programação (Python, R)
Ética em IA e privacidade de dados
Por que é importante?
Sem dados bem curados, o risco de viés ou resultados imprevisíveis aumenta muito. Esses profissionais ajudam a IA a aprender de forma ética e confiável.
3. Especialistas em prompt (Prompt Engineers)
O que fazem?
Eles escrevem e testam prompts (comandos ou instruções) para extrair o melhor desempenho de modelos de IA. Em vez de programar algoritmos, eles “conversam” com a IA para moldar seu comportamento.
Habilidades necessárias:
Pensamento lógico
Escrita criativa
Compreensão profunda do funcionamento dos LLMs (modelos de linguagem)
Por que essa profissão ainda é mal compreendida?
Muita gente ainda vê prompts como algo simples. No entanto, há toda uma ciência por trás de como escrever um bom prompt para gerar resultados complexos, úteis e éticos.
4. Auditores de viés algorítmico
O que fazem?
Avaliam se os algoritmos estão discriminando pessoas com base em raça, gênero, idade, localização etc. Eles analisam os dados de entrada e saída para identificar desigualdades.
Onde atuam?
Empresas de tecnologia
Bancos e seguradoras
Órgãos públicos
Habilidades:
Conhecimento em direitos humanos e ética
Estatística aplicada
Análise crítica de sistemas
Por que essa função é crítica?
A IA tem o poder de ampliar desigualdades se não for bem regulada. Os auditores de viés ajudam a garantir justiça algorítmica.
5. Designers de voz e personalidade para IA
O que fazem?
Criam o “jeito de falar” de assistentes virtuais, robôs e personagens baseados em IA. Isso inclui tom, sotaque, humor, ritmo e vocabulário.
Exemplos:
Criar uma assistente médica com voz empática
Projetar um chatbot bancário mais formal
Personalizar avatares para jogos ou educação
Habilidades:
Design de som
UX Writing
Psicologia comportamental
Por que é uma profissão invisível?
Muitos usuários interagem com IA sem perceber que há alguém projetando toda essa experiência sensorial.
6. Etiquetadores de dados (Data Labelers)
O que fazem?
Marcam e classificam grandes volumes de dados usados para treinar IA — como imagens, vídeos, textos e áudios. Isso inclui rotular objetos em imagens, transcrever áudios, ou categorizar sentimentos em mensagens.
Onde atuam?
Plataformas de crowdsourcing
Startups de IA
Empresas de segurança
Desafios:
Trabalho repetitivo e, muitas vezes, subvalorizado
Pouca visibilidade, mas altíssimo impacto
Por que é essencial?
Sem dados etiquetados com qualidade, a IA simplesmente não aprende.
7. Facilitadores de integração humano-IA
O que fazem?
São responsáveis por ensinar funcionários e equipes a usar ferramentas de IA em seu dia a dia de forma eficaz e segura. Atuando como “tradutores” entre as equipes técnicas e o usuário final.
Onde atuam?
Consultorias
Grandes corporações em transformação digital
Setores públicos e ONGs
Habilidades:
Conhecimento de processos corporativos
Comunicação didática
Noções de engenharia de software
8. Moderadores de IA generativa
O que fazem?
Revisam e moderam o conteúdo gerado por IA, especialmente em plataformas abertas como redes sociais, fóruns e chats. Avaliam se há discurso de ódio, desinformação, conteúdo impróprio ou violações de direitos autorais.
Desafios:
Alto desgaste emocional
Necessidade de julgamento humano constante
Onde atuam:
Plataformas de mídia social
Empresas de IA generativa
Equipes de compliance
9. “Testadores éticos” de IA
O que fazem?
Simulam cenários para verificar se uma IA responde adequadamente a dilemas éticos. Também atuam como red team (testando limites perigosos) e ajudam a treinar IAs mais seguras.
Exemplo:
Tentar induzir uma IA a dar conselhos médicos perigosos ou financeiros fraudulentos
Verificar se uma IA trata todos os usuários com equidade
Habilidades:
Pensamento crítico
Conhecimento legal e filosófico
Criatividade na formulação de testes
10. Criadores de datasets narrativos e culturais
O que fazem?
Compilam conteúdos específicos de regiões, culturas ou estilos narrativos para alimentar IAs com diversidade linguística, histórica e social.
Importância:
Evita que IAs reflitam apenas a visão do norte global (EUA, Europa)
Dá voz a culturas menos representadas na internet
Habilidades:
Linguística
Antropologia
Escrita e curadoria textual
Por que essas profissões ocultas que estão surgindo com a IA ainda não estão no mainstream?
Muitos fatores contribuem para o "ocultamento" dessas novas funções:
Falta de glamour: São cargos pouco divulgados, rotineiros ou até considerados “menores”.
Alta rotatividade ou informalidade: Alguns são terceirizados, freelancers ou contratados em plataformas de microtrabalho.
Complexidade técnica ou ética: Nem sempre é fácil explicar a importância dessas funções sem entrar em debates técnicos, morais ou sociais.
A velocidade da mudança: As funções surgem tão rápido que ainda não há cursos, diplomas ou certificações oficiais reconhecidos.
Como se preparar para essas profissões emergentes?
1. Estude IA sem ser um programador
Plataformas como Coursera, edX e YouTube oferecem cursos gratuitos e introdutórios para não técnicos.
2. Aprenda a trabalhar com dados
Mesmo funções “humanas” envolvem contato com grandes volumes de informação. Saber manipular planilhas, scripts simples e dashboards é um diferencial.
3. Desenvolva soft skills
Habilidades como empatia, ética, pensamento crítico e comunicação são cada vez mais valorizadas.
4. Esteja por dentro dos debates sociais
As decisões sobre IA não são só técnicas — envolvem filosofia, direitos, cultura e justiça. Isso abre portas para profissionais com formações diversas.
Conclusão: o futuro é feito também nos bastidores
A IA não é feita apenas por engenheiros e cientistas. Uma rede de profissionais — criativos, analíticos, empáticos e éticos — está sendo formada para moldar um futuro mais justo, inclusivo e eficiente.
Essas profissões “ocultas” são oportunidades valiosas para quem busca entrar no mercado de tecnologia, um mercado que se expande exponencialmente, com diferentes formações e talentos.
E você, já pensou em como pode atuar nesse universo em expansão?
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